IBS e CBS no setor de tecnologia: impactos para empresas SaaS e modelo de receita

IBS e CBS no setor de tecnologia

IBS e CBS no setor de tecnologia são os novos protagonistas da Reforma Tributária. Já estamos nos últimos meses de 2025, e a Reforma Tributária, promulgada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e da Lei Complementar nº 214/2025, já começa com a fase de transição em 2026, iniciando um novo capítulo na sua história tributária. 

Os novos tributos, IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), prometem simplificação, neutralidade e não cumulatividade plena. Mas, quando olhamos para empresas de tecnologia e SaaS, que trabalham com serviços digitais, contratos recorrentes, cloud computing e estruturas terceirizadas, os impactos vão além da teoria.

Este artigo mostra como a reforma muda a dinâmica do setor e por que a preparação não deve se limitar a cálculos manuais ou análises pontuais: será preciso inteligência fiscal, automação de mensageria e um motor de cálculo robusto para enfrentar o novo cenário.

O novo cenário tributário para SaaS e tecnologia

Hoje, muitas empresas de software e serviços digitais são tributadas no Lucro Real, com alíquotas efetivas que giram em torno de 11% sobre a receita bruta. A lógica atual permite o aproveitamento de créditos de PIS e Cofins mesmo quando os fornecedores são PJs optantes pelo Simples Nacional, um ponto que ajuda a reduzir a carga tributária líquida.

Com o IBS e a CBS, essa realidade muda. A legislação determina que apenas operações efetivamente tributadas pelos novos impostos geram créditos. Ou seja, pagamentos a MEIs, prestadores do Simples Nacional ou pessoas físicas não darão direito a crédito integral. O resultado? Empresas SaaS, que tradicionalmente têm baixa dependência de insumos físicos e grande uso de serviços terceirizados, perdem parte significativa de sua capacidade de compensar tributos.

Em simulações reais, uma carga líquida que hoje pode ficar próxima de 4% pode saltar para mais de 20% caso a empresa não reestruture seus contratos e fornecedores. Essa é a virada que exige estratégia e governança.

Créditos tributários: o calcanhar de Aquiles do setor

O grande diferencial da Reforma, a não cumulatividade plena, não significa que todos os gastos serão creditáveis. Esse é justamente o ponto mais delicado para empresas de tecnologia.

Como seus custos principais não estão ligados a insumos industriais, mas a serviços de cloud, consultorias, desenvolvedores e prestadores independentes, o aproveitamento de créditos será limitado. Isso gera um desequilíbrio: paga-se a alíquota cheia na saída (28%), mas não há créditos suficientes na entrada para reduzir o peso final.

Esse fenômeno, chamado de erosão de crédito, será uma das métricas centrais de gestão no setor. Sem monitoramento e ajustes, a margem de lucro pode ser corroída em questão de meses.

O desafio do split-payment e o impacto no caixa

Outro ponto sensível é o split-payment, mecanismo em que o IBS e a CBS são recolhidos automaticamente no momento do pagamento da fatura pelo cliente. Para a empresa de tecnologia, isso significa perder controle sobre o fluxo de recolhimento e depender de um calendário fixo de compensação: o crédito das entradas só pode ser apropriado após 60 dias.

Na prática, isso pressiona o capital de giro. Se a empresa não tiver inteligência fiscal integrada ao seu ERP e mensageria ágil para registrar créditos no tempo correto, o descasamento entre pagamento e recuperação pode afetar o caixa, especialmente em negócios recorrentes e de margens apertadas.

Precificação e contratos: como lidar com a percepção do cliente

Diante da alíquota de 28%, surge a dúvida: será preciso repassar esse aumento integralmente ao cliente? A resposta não é tão simples.

Se o cliente também estiver no regime de Lucro Real ou Presumido, ele poderá se creditar integralmente do IBS e da CBS destacados na nota. Nesse caso, o preço líquido efetivo pode até ser mais vantajoso do que no sistema atual. O problema está nos clientes que não geram créditos, como os do Simples Nacional.

Empresas de tecnologia precisarão adotar uma comunicação clara, cláusulas contratuais que explicitem a neutralidade tributária e até modelos de precificação baseados em preço líquido. Aqui, o papel do time fiscal se conecta ao comercial, mostrando que a Reforma não é apenas um ajuste contábil, mas uma mudança de estratégia de mercado.

Como tecnologia fiscal pode minimizar riscos

Para enfrentar esses desafios, não basta ter boas intenções ou planilhas. É preciso adotar ferramentas que integrem gestão fiscal, mensageria eletrônica e motor de cálculo tributário.

  • Gestão fiscal integrada: permite acompanhar indicadores como carga líquida por produto, erosão de crédito e margem pós-CBS, facilitando decisões rápidas;
  • Mensageria fiscal: garante que notas sejam emitidas com os campos corretos de IBS e CBS, assegurando compliance em tempo real e reduzindo riscos de penalidades;
  • Motor de cálculo tributário: simula cenários, testa diferentes estruturas de fornecedores e avalia impactos no preço final, oferecendo inteligência preditiva para contratos e precificação.

Essa combinação permite que a empresa antecipe distorções, ajuste fornecedores, eduque clientes e se mantenha competitiva mesmo em um ambiente de alta complexidade regulatória.

Não é adaptação, é reconfiguração

O setor de tecnologia e SaaS não podem tratar a Reforma Tributária como uma simples adaptação. O novo modelo mexe com todos os pilares: fornecedores, contratos, precificação, caixa e governança. Quem esperar pela regulamentação final corre o risco de ficar para trás.

É hora de simular cenários, treinar equipes, renegociar contratos e investir em tecnologia fiscal que permita acompanhar essa transição até 2033. Empresas que fizerem isso sairão fortalecidas, enquanto as que demorarem podem ver sua competitividade corroída por margens cada vez menores.

Como se preparar para o novo modelo tributário com a Avalara

Para o setor de tecnologia, a Reforma Tributária não representa apenas um aumento na carga tributária, mas sim uma transformação na forma como o negócio se relaciona com o Fisco, com os clientes e com seus próprios processos internos. Empresas que hoje prestam serviços a outras empresas (B2B) precisam avaliar com cuidado os impactos da geração de créditos, enquanto aquelas focadas no consumidor final (B2C) podem manter modelos mais simples com menor impacto fiscal.

A Avalara oferece um portfólio completo de soluções para ajudar sua empresa a enfrentar essa transição com segurança e eficiência. Desde o cálculo automatizado de tributos com o AvaTax Brasil, passando pela Mensageria DFe integrada ao novo modelo do IVA, até a centralização das obrigações com o Tax Compliance e o controle operacional com o Tax Central, nossas tecnologias permitem que sua empresa mantenha conformidade e reduza riscos em todas as etapas do processo.

Além disso, o nosso serviço de BPO Fiscal atua como uma extensão da sua área tributária, oferecendo suporte estratégico e operacional contínuo para lidar com as exigências do novo sistema. 

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